Queimadas em BH: 40% da população dizem ter tido saúde afetada
Além das queimadas em BH, no Rio de Janeiro, o índice cai para 29% e, no Recife, para 27%
Após semanas em que a fumaça das queimadas se espalhou por todo o Brasil, cerca de 40% da população de Belo Horizonte e São Paulo dizem que tiveram a saúde bastante afetada pela situação. No Rio de Janeiro, o índice cai para 29% e, no Recife, para 27%.
Queimadas em BH
Os resultados das queimadas em BH têm base em uma nova pesquisa Datafolha, divulgada na quarta-feira (25). O levantamento foi feito presencialmente, com pessoas de 16 anos ou mais, nos dias 17 e 18 de setembro nas quatro capitais.
A margem de erro é de três pontos percentuais. Na capital mineira, foram feitas 910 entrevistas, em São Paulo, 1.204, no Rio de Janeiro, 1.106, e no Recife, 910.
Já em Recife, 34% dos entrevistados e 29% dos cariocas afirmaram que sua saúde foi muito pouco ou nada impactada, enquanto nas outras duas cidades do Sudeste a taxa ficou foi de 13% a 14%.
De um modo geral, mais da metade da população (56%) diz ter sido muito afetada em Belo Horizonte. Em São Paulo, 47% responderam o mesmo, mas os índices caem para próximo de um terço entre os cariocas (33%) e recifenses (37%).
Mas apenas 4% afirmaram que a vida foi muito pouco ou nada afetada na capital mineira, e 9% dos paulistanos responderam o mesmo. No Rio e no Recife, foram 21% e 22%, respectivamente.
Escalas de respostas
Vale destacar que em ambas as perguntas, os participantes do levantamento responderam considerando uma escala de 0 a 10, na qual 0 significa que não foram afetados e 10, que foram muito afetados.
Em Belo Horizonte e São Paulo, a nota média foi 7 e na vida toda, 8. No Rio, a média foi de 6 para ambos os tópicos. No Recife, o índice relacionado à saúde foi 5 e ao cotidiano, 6.
Plataforma de monitoramento IQAir
Conforme a plataforma de monitoramento IQAir, no mês de agosto, o pior índice diário de qualidade do ar (considerando as PM2.5, pequenas partículas de poluição associadas, entre outras coisas, às queimadas) registrado no Recife foi no dia 29, quando a concentração chegou a 20,7 µg/m³ (microgramas por metro cúbico). A taxa é considerada moderada.
Em comparação, o pior resultado de São Paulo no mesmo período aconteceu em 8 de setembro, com uma concentração de PM2.5 de 68,6 µg/m³, classificada como insalubre.
Por que a fumaça foi menos sentida em alguns lugares?
Segundo o climatologista Alexandre Costa, da Universidade Federal do Ceará, faz sentido que os efeitos das queimadas tenham sido menos sentidos no Recife, assim como em outras capitais litorâneas do Nordeste.
Isso porque nessa latitude, os ventos vêm do oceano, os chamados ventos alísios. Portanto, mesmo quando começa a temporada de queimadas aqui na região, a fumaça e todos os subprodutos da combustão vão para dentro do continente, no sentido oposto de onde estão as capitais, explica. Mas, o mesmo não ocorre no litoral do Sudeste. No Rio de Janeiro, nem sempre a massa de ar vem do oceano. Às vezes, as condições facilitam a melhoria da qualidade do ar, porém, nem sempre.
Desempenho das autoridades
Em relação ao desempenho das autoridades, o Datafolha verificou que nas quatro cidades, mais de dois terços da população avaliam que a atuação das gestões federal, estadual e municipal está aquém do necessário com exceção do Recife, onde a proporção de insatisfeitos com o desempenho da prefeitura é de cerca de metade (55%).
Em contrapartida, a pior avaliação no quadro geral é dos governos estaduais. Para os eleitores das quatro capitais, a média daqueles que acham que o governador do seu estado não está fazendo nada ou está fazendo menos do que deveria para lidar com a crise dos incêndios foi de 74%.
Por fim, aproximadamente 75% dos eleitores em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro avaliaram a atuação do governo Lula (PT) da mesma forma, enquanto no Recife o índice foi 66%.
Fonte: Foto de neoncrow na Freepik